Oitavo á décimo segundo dia:
Eu decidi escrever sobre estes dias
juntos, pois bem, não aconteceu muita coisa nesses dias. Zayn ainda se recusou
a falar comigo, e eu não o culpo. Niall e Liam tentaram o seu melhor para falar
comigo, mas eu havia me tornado distante. Eu não falava com ninguém, exceto
você, é claro. Mas você não estava realmente aqui. E isso começou a
preocupá-los.
Décimo terceiro dia:
Foi nesse dia que acabaram de
organizar seu funeral. Lá estava eu, de pé envolta a um buraco profundo no
solo, onde você seria obrigado a ficar.
O caixão não estava aberto. Todos
concordaram que era melhor. E para ser honesto, eu não quero olhar para seu
rosto, sabendo que seus olhos não iriam mais abrir, e eu não seria capaz de
olhar para eles novamente.
Eu chorei de novo naquele dia. Na verdade,
eu chorei todos os dias desde que você partiu. Mas nesse dia, eu chorei mais.
Quando eles estavam colocando você para dentro do enorme buraco no chão, eu
quase corri para impedi-los, mas Liam, Niall e Zayn me seguraram. Eu cai de
joelhos, chorando. Eu não era capaz de ser forte no seu funeral. Sinto muito.
Você deve estar desapontado comigo.
Eu sei que você sempre pensou que eu era forte. Mas isso é só quando estou com
você. E agora que você se foi, eu não sei o que fazer.
Eu abracei cada membro da sua
família, me desculpando e murmurando palavras incoerentes enquanto chorava.
Gemma e Anne me abraçaram por mais tempo, e nós choramos um no ombro do outro.
Eu me afastei de Gemma, e olhei para ela, por um tempo. Eu disse a ela que
vocês dois são muito parecidos. Ela é tão linda, Hazza. E eu prometo cuida
dela.
Eu prometo cuida da sua mãe também.
Ela sempre foi como uma segunda mãe para mim de qualquer maneira. Quando eu a
abracei, ela sussurrou algo no meu ouvido. Algo que eu nunca vou esquecer. E eu
realmente espero que ela não esteja mentindo para mim.
“Ele amava você.” Ela sussurrou, com
um pequeno sorriso em seu rosto. Ela foi embora antes que eu tivesse uma chance
de responder. E então eu quebrei, e comecei a soluçar de novo. Liam teve que me
carregar até o carro. Eu não queria ir, eu não queria deixá-lo.
Décimo quarto dia:
Eu apenas gostaria de dizer, que eu
não estava disposto a ir à terapia, mas os meninos insistiram para que eu vá.
Eu fui, mas não gostei. A terapeuta ficou me perguntando sobre como eu me
sentia. Eu não gosto dessa invasão de privacidade. Meus pensamentos foram
feitos para ficar escondidos.
Mas agora aqui estou. Escrevendo para
você.
Às vezes eu sinto você. Como se você
tivesse me vendo. Em vez de ser assustador como eu imaginava, na verdade é
bastante reconfortante.
Décimo quinto dia:
E aqui estou eu. Hoje eu me sinto...
Vazio. Mas eu acho que é isso o que se sente quando se perde a pessoa que você
ama, certo? Ontem, Sarah leu tudo que eu escrevi neste caderno. Sarah... Acho
que é este o nome da terapeuta.
Ela parecia decepcionada comigo. Ela
me disse para parar de escrever, mas eu disse a ela que estava realmente me
ajudando. De certa forma, está. Eu sinto como se você estivesse aqui comigo.
Lendo tudo o que eu escrevo nesta folha.
Bom, de volta ao hoje. Eu não fiz
muitas coisas para ser honesto. Niall veio aqui, e nós assistimos alguns filmes
para voltar aos velhos tempos, Liam me ligou apenas para ver como eu estava. E
Zayn, bem ele ainda se recusa a falar comigo, e eu estou começando a me
preocupar. Tenho medo de perder a amizade dele.
Décimo sexto dia:
As pessoas estão dizendo que o One
Direction pode acabar. Faz apenas um pouco mais de duas semanas, e as pessoas
já estão começando a falar. Eu e os meninos estamos tentando voltar ao
trabalho, mas é cedo demais. Ainda não estamos prontos para subir num palco,
sabendo que estamos com um membro a menos. Um membro que não irá voltar.
Não estamos nem negando os rumores.
Na verdade, eu nem considero a gente como One direction, mais. É como se fosse
apenas, Louis Tomlinson, Liam Payne, Zayn Malik e Niall Horan. E com seu nome,
Hazz, vinha o One direction. Sem você aqui, eu apenas sinto que é errado nos
chamarmos One Direction.
Eu sei que você provavelmente quer
que a gente siga em frente, e continuar nossas carreiras como uma banda. Mas é
tão difícil.
Por que você não pode simplesmente
voltar?
Décimo sétimo dia à vigésimo dia:
Desculpe-me, por parar de escrever
nesses dias. Para ser honesto, eu nem sai da minha cama. Eu estou tão cansado.
Acho que você poderia entender, já que você está dormindo por uma eternidade
agora. Foi rude dizer isso? Eu não sei. Eu espero que você não esteja cercado
por escuridão, Hazz. Você merece cantar com os anjos.
Eu aposto que sua voz faria uma
harmonia muito boa com a deles. Eu sempre pensei que sua voz era como a de um
anjo. Talvez você possa ser meu anjo da guarda e cantar para mim, em algum
momento, ok?
De volta aos dias anteriores... Como
eu disse eu estou me sentindo tão cansado. Não sai da cama. Tudo o que eu tenho
para me fazer companhia é meu nootbook, e eu não me importo. Ah tantas coisas
para fazer on-line. Mas eu tento o meu melhor para evitar sites de redes
sociais. Eu ainda não estou pronto para enfrentar o mundo real.
O Niall me ligou várias vezes ao dia.
Eu acho que ele é o mais preocupado comigo. Ele me disse que eu costumava ser o
que sempre sorria e sempre fazia os outros rirem. Agora eu não sou mais aquela
pessoa. Niall tenta me trazer de volta, ele tenta me fazer sorrir e eu aprecio
o esforço.
Eu só não sei se algum dia serei
capaz de sorrir novamente.
Vigésimo primeiro e segundo dia:
Liam ficou em nosso apartamento nas
últimas duas noites. Ele está dormindo no sofá ao meu lado agora. É bom ter
alguém para ficar no apartamento comigo. Quando estou apenas eu aqui, é como se
tudo fosse tão grande e vazio. Eu acho que é bom um dos meninos, virem dormir
aqui de às vezes. Está tudo bem para você?
Eu só não quero mais me sentir
sozinho.
Zayn finalmente me ligou hoje. Ele me
pediu desculpas por ter ficado com raiva. E eu estava feliz por finalmente
ouvir sua voz. Eu, claro, pedi desculpas por esconder sua carta. E ele me disse
que me entendia. Acho que podemos finalmente estar caminhando em direção à paz.
Oh, eu terminei com a Eleanor há um
tempo atrás. Caso você queria saber. Foi no dia em que eu encontrei você, na
verdade. Eu só não tive coragem de escrever sobre isso até agora.
Se você tivesse agüentado* mais um
dia... Então você estaria aqui comigo, e então poderíamos finalmente ser feliz.
Vigésimo terceiro:
A terapia é uma verdadeira tortura.
Eu não estou ficando melhor. Sarah continua me dizendo para parar de escrever,
porque não está me ajudando. Mas eu não posso parar. Se eu parar vou sentir
como se estivesse traindo você.
Eu não posso deixá-lo novamente.
Vigésimo quarto dia:
Sarah me perguntou sobre a sua carta
hoje... Eu não sei por que ela ficou por tanto tempo em silêncio. Quando ela
perguntou, eu simplesmente não conseguia segurar as lágrimas. Mesmo assim eu
entreguei o pedaço de papel amassado. É estranho eu carregar isso comigo? É
como um fogo que queima no meu bolso, me lembrando dessa dor, a todos os
lugares em que eu vou, mas eu tenho que carregá-la comigo. É uma das últimas
coisas restantes, que tenho de você.
Vigésimo quinto dia:
Fazia um tempo que eu não cantava.
Mas eu cantei hoje. Todos nós cantamos. Era o nosso primeiro dia de volta ao
estúdio, e deixe-me dizer, que soou tão diferente, sem sua voz se misturando
com a nossa. Nós tivemos que mudar todas as músicas. Liam e eu, pegamos à
maioria das suas partes, mas eu não me sinto bem as cantando.
Eu nunca vou ser capaz de cantá-las
tão bem quanto você. Sua voz era especial, eu juro. Sempre que você cantava,
todo mundo se encantava com sua voz, eu poderia ver o brilho em seus olhares.
Eu pedi um CD com nossas gravações antigas, mas eu sei que não irão me dar.
Liam me ouviu perguntando, então eu sei que ele disse para não me darem.
Mas eu ainda tenho o Youtube
disponível para mim. Eu fiquei ouvindo sua voz a noite toda. Desde as primeiras
performances até as últimas. Eu nunca vou cansar de ouvir sua voz, e parece que
essa é a única maneira, para eu poder ouvi-la.
Vigésimo sexto dia:
Hoje eu visitei Cheshire. Eu andei
pelas ruas por um longe tempo, passando por todos os lugares em que você foi
comigo. Imaginando que você estava lá, segurando minha mão.
Após um tempo andando pela cidade,
eu, relutantemente, resolvi visitar sua antiga casa. Quando cheguei à porta,
Anne me acolheu de braços abertos, juntamente com Gemma.
Nós conversamos sobre coisas banais.
Até que o assunto acabou em você. Eu ainda me sinto tão culpado, e quando eu
disse isso a elas, elas falaram que não era minha culpa.
Então, eu saí de lá e caminhei
diretamente para a porta.
Eu acho que Anne não esperava que eu
fosse embora daquele jeito, porque eu a ouvi a chamar meu nome, mas eu ignorei
enquanto corria para o meu carro.
Eu chorava tanto que eu tive que
encostar-se à estrada, recebendo buzinadas e olhares frios, das pessoas que
passavam. Mas eu não via nem ouvia nada. Tudo que eu podia ver era você. Eu
podia ouvir sua voz falando comigo, e isso foi o suficiente para me acalmar,
para que eu pudesse conduzir o resto do caminho até em casa.
Vigésimo sétimo dia:
Hoje eu passei o dia inteiro na cama.
Ignorei todos os telefonemas e mensagens de textos. Liam, Niall e Zayn vieram
até aqui me dizendo para abrir a porta e falar com eles. Comecei a me sentir
culpado mais uma vez. Eu só queria que a dor parasse.
Vigésimo oitavo dia:
Quando eu saí do meu quarto está
manhã encontrei Niall dormindo ao lado da minha porta. Ele parecia tão cansado
e sem esperança que eu comecei a chorar. Eu tinha feito isso com ele. Eu tinha
sugado a vida de cada um deles. Tudo porque eu estava sendo egoísta.
Vigésimo nono dia:
Amanhã será um mês inteiro. Um mês
inteiro desde que você se foi. Eu sinto como se fosse ontem que você estava
cheio de vida, e rindo de alguma bobagem que eu tinha feito.
Isso é real, não é?
Trigésimo dia:
Hoje, eu e os meninos passamos o dia
em silêncio, em sua honra. Se recusando a responder todas as ligações e
mensagens, ou até mesmo falar um com o outro. Foi puro silêncio. Ele não foi
incômodo, porém, foi até um pouco agradável. Apenas alugamos seus filmes
favoritos e assistimos até o fim do dia. Todos estavam sentados um ao lado do
outro, enquanto chorávamos. Éramos uma visão triste de se ver.
Trigésimo primeiro dia:
Eu acho que, até agora, eu ainda
pensava que você iria voltar, e que tudo isso era um terrível pesadelo que eu
estava tendo, e que eu iria acordar a qualquer momento e você estaria ao meu
lado, sorrindo como fazia todas as manhãs.
Mas eu estou começando a perceber que
você não vai voltar.
Hoje, eu nem sabia o que fazer comigo
mesmo. Eu acho que os meninos sabiam que eu gostaria de estar sozinho, então
não me ligaram nem mandaram mensagens e nem foram até o apartamento. Apreciei
isso, mas é provavelmente porque eles estavam de luto por contra própria
também.
Passei o dia inteiro sentado no sofá
olhando fixamente para a televisão enquanto eu bebia. Talvez três ou quatro
garrafas de cervejas, e quando me dei de conta, estava caído no chão, chorando.
Trigésimo segundo dia:
Eu sentia a ardência em minha mão. E
era bom. Eu olhava com admiração o sangue que escorria da minha mão, e os cacos
de vidro do espelho quebrado em meus dedos. Eu não sei exatamente o que tinha
acontecido. Eu apenas não conseguia mais olhar para meu reflexo no espelho.
Então, eu o soquei.
A dor dos cortes era apenas
temporária, e eu logo senti uma onda de êxtase se apoderar de mim. Eu gostava
da sensação de controlar minha própria dor, ao invés de ser plantada em mim de
uma vez.
Eu estava limpando os cortes, quando
Liam entrou, dizendo que tinha ouvindo um estrondo quando de repente parou e
olhou para minha mão. Ele olhou para minha mão e então para o espelho e então
para meu rosto. Ele imediatamente me arrastou para fora do quarto, forçando-me
ir até seu carro, enquanto dirigia em direção ao hospital.
Trigésimo terceiro dia:
Há um curativo em volta da minha mão
agora, e eu não gosto. Eu quero ser capaz de ver as cicatrizes que eu fiz. Para
mim elas são lindas. Um símbolo maravilhoso da minha luta em seguir em frente.
Mas os meninos não entendem.
Eles ficam me olhando sem parar, não
permitindo que eu fizesse qualquer coisa a mim mesmo ou ir a algum lugar
sozinho. Estou ficando sufocado.
Trigésimo quarto dia:
Estou com tanta fome, mas não posso
suportar a idéia de comer. Eu perdi muito peso, muito mesmo. Todo mundo
percebeu, e é difícil de esconder.
Eu também desmaiei hoje no estúdio, e
agora as pessoas estão ficando um pouco preocupadas. Eu estou bem apesar de
tudo. Eu realmente estou bem. Eu estou apenas com fome.
Trigésimo quinto dia:
Os meninos estão me vigiando vinte e
quarto horas por dia, certificando-se de que eu estou comendo. Meu estômago
está doendo, eu não sei por quanto tempo vou agüentar isso. Tem um sabor
agradável, e embora meu estômago ronque por mais, eu simplesmente não consigo.
Trigésimo sexto dia:
Eu não estou autorizado a sair do meu
apartamento agora, até eu ganhar mais peso. A produtora não quer que a imprensa
saiba do meu estado e comesse a criar rumores que seriam obviamente,
verdadeiros. Eu não estou lidando bem, e acho que isso se tornou bastante óbvio
agora.
Trigésimo sétimo dia:
A coceira para aliviar minha dor está
crescendo mais forte do que nunca. A contração muscular involuntária em minha
mão para socar algo feito de vidro é quase constante.
É quase impossível ceder ao desejo,
porém, é difícil quando você tem três pares de olhos que te observam o tempo
todo. Os meninos não deixaram meu apartamento por dois dias, e eu tenho a
impressão que não irão sai tão cedo.
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